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sexta-feira, 18 de junho de 2010

Manoel da Conceição - Vida luta e Poesia

Maranhão, berço de heróis!


Eu que empunho bandeiras

na minha poesia

ouço inerte

teu grito

...

covardemente

me calo.

Assino manifestos

falo com dois ou três

juntos recolhemos

o ensaio de um grito

que poderia queimar

os bigodes do diabo.

Não tenho um prato de justiça sequer

para aplacar o que te devora por dentro

não tenho sequer desapego ao prato

que continua vazio

na lavoura minguada

dos dias esfomeados .

Eu que leio Maiakovski

canto Garcia Lorca

não sou capaz de ir além dos versos

não tenho coragem de ofertar

minhas mãos de poeta

ao machado perverso

dos coronéis.

O tempo se arrasta

manchado do teu sangue

e de outros Manés e Margaridas

que fizeram do próprio medo

motivo pra seguir na batalha

Enquanto o senhor da morte

continua lavando o ventre da terra

com sangue e agrotóxico.

Mata pássaros!

Extingue bichos!

Esquarteja gente!

na monocultura do poder.

Os que já foram teu escudo

hoje te apontam rifles

com balas de arame farpado

te lançam punhais

enferrujados pelo sangue

dos atraiçoados.

Não sei fazer outra coisa

senão poemas

que não resolverão nada

que não aplacarão sequer

a vergonha que sinto deste medo

costurado sob os mulambos de minha pele

Me agasalho em bandeiras

desbotadas de medo

com a covardia natural aos nascidos à fórceps

sob o sol de um maranhão

dominado pelo chicote da mentira.

E me calo

enquanto mil vozes gritam

dentro de mim

sem que minha poesia

saiba decifrar os código secretos

da tua coragem.

(Lilia Diniz- artista maranhense)

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